“E lá estava eu: sentado à beira da lareira, com as recordações de um, não tão recente passado, em minhas mãos.
Era final de outubro e a neve decorada a imensa paisagem onde um dia já fora um lindo campo de lilases e brilhava sempre que a suave luz da lua cheia tocava as partículas de água congelada.
A França sempre fora um lugar frio, desde a época em que as batalhas da Revolução me faziam rezar pela volta de um pai vivo. Eu tinha apenas 8 anos, e sonhava com o dia em que lutaria ao seu lado em uma dessas batalhas, mas isso nunca aconteceu.
Eu era o mais velho de 5 filhos de uma típica família francesa e, portanto, fui eu a assumir o papel de chefe de família quando aquela carta fora entregue em nossa casa. Aquela carta que já me era tão familiar às mãos e que me fizera companhia todos esses anos, nesse quarto, sentado à beira dessa lareira.
Após o segundo casamento de minha mãe, nos mudamos para o casarão de um diplomata inglês, no norte do país.
Com 15 anos fui para uma faculdade em Blath cursar direito, e agora, após 4 anos, finalmente volto para casa com um diploma, inúmeros sonhos e várias expectativas depositadas em minhas escolhas... expectativas que sinto em dizer, não vieram de minha pessoa.”
Larguei papel e caneta ao chão quando ouvi a maçaneta girar. Eram 3h da manhã e pela janela era impossível enxergar qualquer coisa num raio de um palmo de distância.
Me levantei e fiquei ali, parado, no meio daquele quarto nada familiar, esperando pelo que, insistentemente, tentava atravessar a porta. Pisquei por um segundo e quando voltei a abrir os olhos, lá estava ela, perigosamente angelical como que na primeira vez em que a vi.
Nos encaramos pelo que me pareceu horas até que , obstinadamente, ela caminhou até mim. Meus olhos, conectados aos delas, estavam cegos à qualquer coisa que acontecesse ao nosso redor, afinal, o que poderia ser mais importante que isso?
Senti suas mãos em meus ombros e seus lábios colarem nos meus, num beijo alucinante. Minha respiração acelerou e, por um momento, tive a impressão de que meu coração parara de bater.
O beijo foi interrompido cedo demais, apenas para que ela me arrancasse a alma com aqueles olhos cor de esmeralda, me olhando de um jeito sedutoramente meigo, com o rosto tão perto do meu que me quase me embriaguei com seu doce hálito.
Já estava perdendo os sentidos quando ela, gentilmente traçou as finas linhas de meus lábios com a ponta dos dedos. Perdi a cabeça.
Tomei sua boca na minha, entrelaçando meus braços à sua cintura num abraço cheio de desejo. Ela bruscamente se afastou, mas apenas para me empurrar para a cama malfeita atrás de mim. Caí sentado no macio colchão enquanto ela avançava sobre mim.
Suas mãos abraçavam minha cintura ao mesmo tempo em que seus lábios cortavam a carne dos meus, num selvagem ritual de sensualidade.
Senti minha camisa sendo puxada para cima e levantei os braços para facilitar sua retirada. Ela abraçou meu pescoço para se acomodar em meu colo, fazendo com que um arrepio percorressem meu corpo e quando ela me empurrou para o abraço aconchegante dos lençóis, segurei suas pernas, coladas em mim.
Meu coração batia descontroladamente abaixo de sua palma e minhas mãos suavam frio em contraste com a pele de seu corpo.
Suas mãos desceram até a braguilha de minha calça, e sabendo exatamente o que fazer, arrancaram-me a peça.
Ela segurou a barra de seu vestido apenas com uma das mãos, enquanto encaixava-se em mim. Aquela sensação me dominou, inundando-me com uma imensa onda de prazer e satisfação. Sentei-me, abraçando sua cintura, diminuído a distância entre nossos corpos. Beijei seu pescoço nu e um suspiro escapou por entre seus lábios.
Mais uma vez ela me empurrou para em meio aos travesseiros espalhados pela cama. Cobri meu rosto, tentando controlar a respiração, e então ela colocou as mãos em meu peito acelerando seus movimentos e tornando minha tarefa impossível.
Apertei os olhos e coloquei as mãos em seus quadris, sentindo os violentos círculos que eles realizavam. Recobri a consciência e me inclinei novamente para ela, dessa vez, girando-a antes que me fizesse deitar outra vez. Me encaixei entre suas pernas e assumi totalmente o controle, arrancando-lhe, gemidos e suspiros que me arrepiavam e me faziam apossar-me cada vez mais daquele maravilhoso corpo.
Meus movimentos ficaram cada vez mais rápidos, nossas respirações cada vez mais descompassadas e as sensações cada vez mais enlouquecedoras, e quando, finalmente, chegamos ao ápice, me sentia o homem mais feliz do mundo.
Beijei-lhe os lábios com ternura e escorreguei para seu lado, a fim de passar o resto da noite abraçado com ela, que rapidamente se desvencilhou de meus braços, levantando-se e indo em direção à porta.
Tentei impedi-la, chama-la pelo nome, mas percebi que não o sabia. E então ela desapareceu por entre a porta, tão subitamente como quando aparecera por ela, deixando-me ali, apenas com a lembrança de seu toque, naquele quarto de hotel qualquer, onde me apaixonei por uma misteriosa e desconhecida mulher.
FIM
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