Lá se vai o dia, trazendo para nós uma noite calma e preguiçosa. Através da janela da cozinha, observo a dança das amarelas folhas de outono, que no asfalto nu, substituem a brancura da neve, há muito desaparecida.
É dia 15 de novembro, e completamos 2 anos de casados, sendo assim, resolvi surpreendê-lo, cozinhando seu prato favorito.
Nasci no interior da Rússia, numa cidadezinha obsoleta que não vale a pena citar o nome. Nos conhecemos numa loja de materiais, enquanto acompanhava meu pai numa de suas compras. Ele era o atendente do caixa.
Começamos a nos encontrar escondidos e algumas semana depois resolvemos nos casar. Sei o que você deve estar pensando e a resposta é não. Não, eu não fiquei grávida. Nos mudamos para São Petersburgo, onde seus pais tinham uma casa em seu nome e cá estamos até hoje, e apesar de tudo, acho que posso dizer que somos felizes.
Concentrada em minha receita, escutei o motor do carro estacionando na garagem, ouvi seus passos ao passar pela porta da frente e senti sua presença quando, silenciosamente, entrou na cozinha. Eu picava legumes na bancada da pia.
Ele se se encostou à mesa, atrás de mim, soltando um alto e longo suspiro. Coloquei os legumes na panela sobre o fogão, ao lado da pia, e voltei minha atenção para os tomates prestes a serem picados, na minha frente.
Percebi que ele se mexia desconfortavelmente atrás de mim, e logo senti o laço de meu avental sendo desfeito.
- Nossa, isso tudo é pra mim? – perguntou ele, e eu não precisava olhá-lo, para saber que aquele sorrisinho debochado estava estampado em seu rosto. Sorri também, mas mantendo a compostura, inabalável... ou pelo menos foi o que eu pensei.
Estava tudo correndo de acordo com plano quando, de repente, ele se aproximou de mim, apoiando-se na pia com os braços e me prendendo entre ele e o móvel. Abaixei a cabeça, rindo baixinho. Meu plano tinha ido por água abaixo e ele sabia disso. Corei quando ele sussurrou coisas em meu ouvido, coisas não muito apropriadas para se repetir aqui.
Por um momento viajei em sua voz, apreciando e absorvendo a sensação que cada palavra sua me causava. Acordei bruscamente de meu devaneio ao sentir meu short descendo, agressivamente até meus tornozelos. Novamente sorri.
Ele se ajoelhou atrás de mim, introduzindo sua mão por debaixo da camiseta e avental que ainda usava. Seu toque causava ondas de arrepios em todo o meu corpo enquanto passeavam sobre minha barriga. E nesse momento, eu já havia parado de picar coisas...
Gemi ao sentir sua língua quente e urgente na base de minhas costas, e prendi a respiração, me camuflando de vermelho quando a Sra. Smolensky acenou para mim ao passar pela calçada. Não consegui acenar de volta, mas espero que ela interprete meu sorriso... é, melhor não.
Estendi as mãos para fechar as pequenas cortinas da janela, mas fui impedida na metade do caminho quando ele, rapidamente, me girou para si. Perdi o fôlego.
Olhei para ele parado lá, tão perto de mim, e, pela primeira vez naquele dia, contemplei seus lindos olhos cor de avelã pelos quais me apaixonei. O sorriso debochado havia sumido, dando lugar àquele doce e maravilhoso sorriso que faziam suas covinhas parecerem ainda mais lindas. Ele era meu e nós éramos perfeitos juntos.
Ouvi minha tábua e faca favoritas caindo dentro da cuba da pia, juntamente com os tomates destinados a serem estraçalhados, e antes que eu pudesse olhar, já estava sentada na bancada ao lado. Não contive uma risadinha. Ele sabia que eu adorava aquilo.
Ele puxou meu cabelo para trás, beijando meu pescoço nu, enquanto minha pele se arrepiava sob seus lábios. Abracei seus ombros puxando-o ainda mais para mim.
Lá fora eu ouvia as crianças voltando da escola, passando pela calçada. Eu queria me preocupar com eles, mas naquele momento eu... o que eu estava dizendo mesmo?
Seus beijos foram subindo, subindo até encontrar o calor de meus lábios. Suas mãos passeavam por minhas coxas e eu ainda sentia o short enroscado num de meus pés. Os beijos cessaram bruscamente quando ele tirou o avental pendurado em meu pescoço, arremessando-o para algum canto da cozinha, fazendo a peça em meu pé cair com o movimento.
Passei as mãos em seu tórax e através da fina camisa senti sua pele se enrijecer de excitação. Comecei a desabotoar os botões. Sentia seus olhos em mim e a sensação de ser observada por ele aumentava ainda mais meu desejo.
Segurei a peça pela gola puxando para trás pelos seus largos ombros. Arfando, ele me olhava e sorria maliciosamente. Senti todos os meus músculos se enrijecerem sob aquele olhar.
Rapidamente, ele estendeu os braços por cima de meus ombros, alcançando as cortinas. Um enorme alívio tomou conta de mim quando vi que agora estavam fechadas. Finalmente, estávamos totalmente a sós.
Ele me puxou para si, e agora estávamos colados num encaixe perfeito.
Senti sua excitação em minha barriga, gritando desesperadamente para se libertar. Os beijos iniciaram-se novamente subindo pelo meu pescoço até minha orelha, com pequenas mordiscadas no lóbulo e voltando, então, ao pescoço. Suas mãos passeavam pelas minhas pernas e aquele formigamento, já tão familiar, desceu pela minha espinha. Eu não aguentava mais.
Minhas mãos, enroscadas em seus cabelos, percorreram seu peito nu até os quadris, encaixei-as no cós de sua calça, lentamente direcionando-os para sua braguilha, que abri o mais devagar possível, torturando-o. Sentia seu desejo pulsando, violentamente sob minhas mãos. Ele gemeu. Eu sorri.
Em segundos minha roupa íntima já não estava onde deveria. Ele se afastou, retirando-a completamente, enquanto se despia do restante de suas roupas, voltando, decididamente, para sua posição. Segurando meus quadris com ambas as mãos, encaixou-se em mim.
Fechei os olhos sorrindo, enquanto aquela sensação me preenchia. Ele começou a se movimentar, abafei um gemido. Suas mãos foram subindo pelas minhas costas sob a camiseta que eu ainda usava, uma de cada vez, puxando-me ainda mais para si. Envolvi meus braços em seu pescoço, enterrando meu rosto em seu ombro. Inalei seu perfume e minha cabeça girou. Tudo aquilo era perfeito.
Meus quadris pareciam ter vida própria e se mexiam num ritmo acelerado e constante. Ele suspirava em meu ouvido e vez ou outra um gemido escapava por entre seus lábios, fazendo-me delirar.
Suas mãos estavam novamente em meus quadris, que moviam-se freneticamente, e ao apertar minha carne entre seus dedos, acelerando ainda mais seus movimentos, sabia que ele havia chego lá. Sorri.
Estávamos ambos exaustos, com a respiração descompassada, e sorrindo. Seus olhos cor de avelã tinham um brilho novo: perverso, erótico. Fiquei hipnotizada.
Desci da bancada feliz, embora minhas pernas ainda estivessem trêmulas. Virei-me para a janela e abri as pequenas cortinas de algodão. O vidro estava levemente embaçado.
Lá fora, o frio era torturante, mas aqui dentro, o aquecedor trabalhava a todo vapor e estávamos os dois cobertos por uma fina camada de suor. Se bem que eu acho que o aquecedor não foi responsável por isso, mas tudo bem.
Uma familiar luz brilhava sobre a rua escura, instantaneamente olhei para cima e me peguei sorrindo para uma majestosa lua cheia, que se mostrava para nós, bonita e charmosa após semanas sem sua companhia.
O senti novamente atrás de mim, apoiando-se na pia com as mãos como há pouco havia feito. Descansou a cabeça em meu ombro, e olhando para a magnífica noite de outono, sussurrou em meu ouvido:
- Feliz Aniversário!
FIM