Às vezes, quando não conseguimos dormir, dizemos, sem pensar ou
saber direito, que estamos com insônia. Em alguns raros casos, é
até verdade. Mas, no restante, são apenas preocupações e
ansiedades, talvez, tolas.
Um livro inacabado, uma música viciante, uma história esperando
para desenrolar. Planos, objetivos, sonhos. Tudo isso, de algum
estranho e incompreensível modo, nos atormentam justamente à noite,
no momento em que estamos mais cansados. Se não estamos com sono, é
até um pouco mais fácil. Mas, se estamos quase desmaiando de sono,
tanto que nos rastejamos para qualquer canto em que possamos deitar e
finalmente se entregar ao cansaço, não podemos deixar esses medos e
listas de desejos nos consumir, pois ficaremos ainda mais cansados,
mas sem conseguir pregar o olho.
Dizem que é de noite que tudo lhe vêm a mente, que a magia
acontece. Quem disse isso não mentiu. As coisas que passamos, os
medos internos e muitas vezes bobos, conversas inacabadas que
poderiam ter sido facilmente evitadas, erros tolos. Todas essas
coisas invadem nossa mente justo quando nos deitamos. E por quê?
Porque é o único momento do dia em que deitamos nossa cabeça no
travesseiro, tentando esquecer dos problemas. E é justamente quando
eles aparecem, sem pedir licença, recordando do que, durante todo o
dia, fizemos todo e qualquer esforço para deixar de lado.
E então, se entregando à esses pensamentos, pensamos em uma solução
para eles. Uma frase que perdeu a chance de ser falada, um capítulo
que não foi lido, um trecho que não é esquecido, um medo que nos
apavora tanto que buscamos uma solução. Mas, quando você acha que
já tem a resposta para a maioria, se não todas, suas questões e
tormentos, o sono chega de mansinho e te engole. Mas no dia seguinte,
logo de manhã, não lembramos de nada. Só sentimos um inchaço
abaixo do olho por culpa dos anseios da noite anterior. Sem qualquer
recordação e, novamente, sem solução. Vira apenas um ciclo
impossível de ser quebrado.