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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Insônia


 Às vezes, quando não conseguimos dormir, dizemos, sem pensar ou saber direito, que estamos com insônia. Em alguns raros casos, é até verdade. Mas, no restante, são apenas preocupações e ansiedades, talvez, tolas.
Um livro inacabado, uma música viciante, uma história esperando para desenrolar. Planos, objetivos, sonhos. Tudo isso, de algum estranho e incompreensível modo, nos atormentam justamente à noite, no momento em que estamos mais cansados. Se não estamos com sono, é até um pouco mais fácil. Mas, se estamos quase desmaiando de sono, tanto que nos rastejamos para qualquer canto em que possamos deitar e finalmente se entregar ao cansaço, não podemos deixar esses medos e listas de desejos nos consumir, pois ficaremos ainda mais cansados, mas sem conseguir pregar o olho.
Dizem que é de noite que tudo lhe vêm a mente, que a magia acontece. Quem disse isso não mentiu. As coisas que passamos, os medos internos e muitas vezes bobos, conversas inacabadas que poderiam ter sido facilmente evitadas, erros tolos. Todas essas coisas invadem nossa mente justo quando nos deitamos. E por quê? Porque é o único momento do dia em que deitamos nossa cabeça no travesseiro, tentando esquecer dos problemas. E é justamente quando eles aparecem, sem pedir licença, recordando do que, durante todo o dia, fizemos todo e qualquer esforço para deixar de lado.
E então, se entregando à esses pensamentos, pensamos em uma solução para eles. Uma frase que perdeu a chance de ser falada, um capítulo que não foi lido, um trecho que não é esquecido, um medo que nos apavora tanto que buscamos uma solução. Mas, quando você acha que já tem a resposta para a maioria, se não todas, suas questões e tormentos, o sono chega de mansinho e te engole. Mas no dia seguinte, logo de manhã, não lembramos de nada. Só sentimos um inchaço abaixo do olho por culpa dos anseios da noite anterior. Sem qualquer recordação e, novamente, sem solução. Vira apenas um ciclo impossível de ser quebrado.

Exigência


 Confesso que sou uma pessoa extremamente exigente. Exijo muito dos livros que leio e mais ainda das coisas que escrevo. Exijo das músicas que ouço e das coisas que falo. Exijo dos filmes que assisto e não me deixo convencer por pouca coisa. Exijo dos meus trabalhos e um pouco mais de como sou. Mas, com tudo, isso não é de todo mal. Pelo contrário, ser exigente, às vezes, é bom.
Ser exigente te faz pensar de uma maneira diferente, te faz enxergar o mundo de outra maneira. Exigência, se combinada com a mais pura imaginação, pode tornar as coisas melhores, criar mundos diferentes. Faz com que nos superemos, que visemos coisas grandiosas, do nosso jeito. Faz com que mudemos a nós e as coisas ao nosso redor, apenas por ser exigir que seja assim.
A mais pura combinação é da exigência com a imaginação. Criam-se mundos distintos, pessoas incríveis e mudanças posteriores. E acredito que isso seja a maior das magias. Uma bela imaginação sem limites.

sábado, 6 de abril de 2013

Sorria...


     Sabe aqueles dias em que você não quer ouvir, falar , muito menos fazer alguma coisa? Aqueles dias em que você acorda e a última coisa que você quer é levantar da cama encarar os problemas que te esperam? Dias em que o tempo não passa e até meteorologia parece estar contra você? Então, era um desses dias.
     Levantei cedo e segui minha rotina de sempre: arrumar o quarto, tomar café, me trocar, ir para o colégio, voltar do colégio, almoçar, checar meus e-mails.
     Abri a página da internet, loguei minha conta e comecei a lê-los. Li todos os e-mails, que como sempre, eram apenas promoções de sites, que eu nunca iria comprar, e alguns spans. Eu estava pronta para fechar tudo e ir ler um livro que já estava atrasado, quando vi um último e-mail. Cliquei nele e li o recado da Secretaria da Universidade em que estagiara que pedia para eu comparecer ao campus naquela tarde para assinar um determinado recibo de pagamento.
     Desliguei o computador, troquei a roupa, peguei minha bolsa e saí.
     Cheguei lá, saí do carro e, antes de pisar numa poça d'água, senti a umidade no ar. Eu odiava aquele tempo. Odiava a chuva, odiava o frio, odiava meus problemas e odiava a todos por não enxergar que não era justo eu ter de carregá-los, sozinha,  sobre os ombros.
     Empurrei todos esses pensamentos para o fundo da minha mente e comecei a caminhar, evitando as gotículas que insistiam em me seguir.
     Entrei na sala da secretaria, aguardei a minha vez. Fui atendida por um senhor de uns 40 anos, muito bonito para a idade e absolutamente simpático. 
     Disse para o homem o que queria e enquanto aguardava uma moça pegar o recibo, fiquei ali, de cabeça baixa, como sempre, em frente ao homem que me atendera.
     O silêncio na sala era palpável, mas eu não me importei. De visão periférica vi que o homem me encarava, mas também não me importei, até que ele pigarreou. Levantei a cabeça, esperando ele dizer alguma coisa e quando isso não aconteceu, tornei a abaixá-la.
     - Pigarreei para chamar sua atenção, afinal está muito séria. Você é muito bonita, mas eu queria saber como você ficaria com um sorriso no rosto. - disse ele.
     Olhei para o homem, e quando percebi, estava sorrindo.
     - É, eu tinha razão: você tem um sorriso lindo! Sabe, você é muito séria, deveria sorrir mais.  - continuou ele.
     A moça que me mandara o e-mail apareceu na pequena sala com os recibos, colocou-os em minha frente e me entregou uma caneta. Assinei os recibos rapidamente e então ela saiu da sala, dizendo que aquilo era tudo. Olhei para o homem que continuava ali, com uma pilha de papéis em sua frente, e ele sorria para mim. Sorri de volta e o agradeci. O agradeci e saí da sala, pensando no que aquele simpático estranho me dissera. E, ele realmente tinha razão. 
     É preciso errar mais, cair mais; viver mais a vida, fazer suas próprias escolhas e aprender com elas. 
     É preciso se preocupar menos, se entristecer menos e se censurar menos.
     Amar mais, sentir mais e ser mais feliz, mas acima de tudo... é preciso Sorrir mais!